Livro: VOTO CONSCIENTE – Como Escolher o seu Vereador

julho 31, 2020 às 5:00 pm | Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

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INTRODUÇÃO
A VIDA E A POLÍTICA: NARRANDO UMA ESTÓRIA
“A História é a Ciência dos Homens no Tempo…”
Marc Bloch
Caro leitor. Este livro se propõe a desmitificar a política com fins a dar instrumentos
ou ferramentas racionais aos eleitores na escolha de seus candidatos a vereadores nas
eleições municipais que estão próximas, as eleições de 2020. Contudo, não vejo outro
modo de mostrar o quão significativo e proveitosa esta obra é sem narrar um pouco da
minha Estória aos moldes do livro O Código da Vida, do Renomado Jurista Saulo Ramos.
Nela, não sabemos definir se é um livro de memórias, de Histórias de Bastidores ou
mesmo um Suspense, não seria tão genial se não fosse narrado assim. Contudo, não
seria possível compreender os capítulos desse livro se não adentrarem um pouco à minha
narrativa, ao menos no primeiro capítulo, que como o Jurista Ramos, intenta memórias,
histórias de bastidores, suspense e uma série de críticas que faço a cada compasso
nestes 16 anos, onde tudo começou. Peço que tenham paciência, pois a instrumentação
e ferramenta vem ao longo dos capítulos. Mas estas pinceladas talvez possam ajudá-los a
compreender por que tamanho buraco e crise política e econômica estamos vivendo nos
dias de hoje….
Em 2004 eu tinha uma banda de Pop Rock – chamada “Subsolo” – em que
produzimos letras de altíssima crítica social, existencial e, principalmente, política. Em
uma das músicas, chamada Apenas Brasil, garantimos isso de forma afiada e poética se
não fosse pelo equívoco trecho na letra: “Para assistir, um deputado, falando besteira no
Senado […]”. Por favor caro leitor, tente entender, eu tinha apenas 16 anos. Acerca dos
integrantes da banda, o quê nos sobrava de “desobediência ao Sistema Política”, de
Rebeldia, faltava-nos de formalidade e conhecimento da Realidade tal como ela é.
Faltava-nos uma boa dose de História, Sociologia, Direito, Economia etc…e etc…Contudo,
minha exegese acerca desse livro é justamente esta: nasceu a rebeldia e o
descontentamento social com o sistema político, bem como os políticos, mas faltam-lhe
instrumentos ou ferramentas para que possam modificá-lo, minimamente, nas urnas. Na
escolha do candidato, se não ideal, um que consiga cumprir minimamente a sonhada
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correspondência entre os ensejos do eleitor e as “promessas” ou “compromissos” de seu
candidato pós-eleito.
Em 2006, 4 dos 5 integrantes da mesma banda, percebem a necessidade ou
mesmo, por simples aventura; iniciam seus destinos à militância política institucional:
filiando-se a um partido político, sendo mais específico, o Partido dos Trabalhadores. Mal
sabíamos que, enquanto ufânicos1 e ungidos de rebeldia e – todos nós muito seduzidos
pela esquerda política – estávamos aportando em um barco que começava afundar em
suas raízes éticas, estávamos diante do “mensalão”. Nem por isso desistimos da nossa
entrada ao partido que, na época, ainda tínhamos que fazer um pagamento (chamado de
“contribuição partidária”) no valor R$ 15,00 (Entorno de R$ 40 reais se levarmos em conta
o reajuste do salário mínimo). Estávamos prestes a dar nosso primeiro voto nas eleições
municipais, ainda não tínhamos completado 18 anos e, é claro, estávamos iludidos de que
o “Mensalão” era uma mentira ou “Golpe da Direita” – na época representada pelo PSDB
(Partido da Social Democracia Brasileira). Apesar de ter uma visão panorâmica
completamente diferente da que eu tinha nesta época, este foi um salto importante e que,
sem ele, este livro não seria possível: passei a ver a coisa de perto! Comecei a entender o
jogo político, além da linguagem poética, mas na estribeira do seu mais cruel
pragmatismo2.
Em 2008 aquela banda estava se tornando, aos poucos, um Grupo Político dentro
do PT. Para quem não sabe, assim como outros partidos, especialmente o PSOL,
possuem o quê nós chamamos de “correntes” ou “linhas filosóficas” dentro dos partidos.
Em tese, elas existem para dar maior pluralidade de pensamentos e ações ao partido,
garantido a sua primazia democrática. Na prática, ao meu ver, elas existem como
soluções organizacionais, estratégicas e práticas aos interesses de seus participantes, ou
seja, pragmatismo político. Apesar disso, minha ficha nesta época ainda não havia caído.
Eu acreditava piamente na existência delas como propósito filosófico. Somente depois de
2012 fui compreendendo melhor a realidade destas subdivisões que tinham até nome.
1O ufanismo é uma expressão utilizada no Brasil em alusão a uma obra escrita pelo conde Afonso Celso cujo título é
Porque me Ufano do Meu País. O adjetivo ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo
autoenaltecendo fatos e feitos.
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Pragmatismo é uma doutrina filosófica cuja tese fundamental é que a ideia que temos de um objeto qualquer nada
mais é senão a soma das ideias de todos os efeitos imaginários atribuídos por nós a esse objeto, que passou a ter um
efeito prático qualquer. O pragmatismo é um pensamento filosófico criado, no fim do século XIX, pelo filósofo
americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), pelo psicólogo William James (1844-1910) e pelo jurista Oliver
Wendell Holmes Jr (1841-1935). Eles se opunham ao intelectualismo, considerando o valor prático como critério da
verdade. Ser partidário do pragmatismo é ser prático, ser pragmático, ser realista. Aquele que não faz rodeio, que tem
seus objetivos bem definidos, que considera o valor prático como critério da verdade. Ser pragmático é ter seus
objetivos bem definidos. Consiste em fugir do improviso, é se basear no conceito de que as ideias e atos só são
verdadeiros se servirem para a solução imediata de seus problemas.
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Nesta época eu fazia parte de uma corrente que se chamava “Movimento do PT”.
Curiosamente, uma de suas lideranças nacionais é a deputada Maria do Rosário que tem
forte embates político-ideológicos com o atual presidente, Jair Messias Bolsonaro. Mas
em 2009 esse embate ainda não estava latente. Creio que sendo germinado (risos).
Neste sentido, apoiamos um candidato a vereador na época, Leandro3, jovem de
idade, mas que havia dado muitas contribuições ao partido. Uma pessoa Leal e ideológica.
Ainda assim, teve míseros 400 votos (entorno). Para ser eleito na cidade, pelo PT, na
época, era preciso ter entorno de 2000 votos. Após isso, graças ao jogo do toma lá da cá,
deram a ele um cargo de nível baixo, bem inferior às suas capacidade e salários, pagos
na prefeitura de minha cidade. Lamentavelmente, ele foi perdendo cada vez mais
prestígio e espaço no partido. Apesar de existirem vários motivos (inclusive de cunho
psicológico, pois este jogo (diga-se: da Velha Política) aos jovens é muito perigoso. Pode
deixar a alguns com sérios problemas de saúde mental com o tempo), o principal, pelo
qual foi ficando de escanteio é que ele era muito crítico e sincero em seus
posicionamentos dentro do Partido. E parece que os políticos e partidos não gostam de
pessoas autênticas, com opiniões próprias, posições ideológicas firmes ou rígidas, como
muitos aqui já sabem, não é verdade (risos)?
Ainda sobre os chamados “Grupos Políticos”, não se iludam. Não são apenas os
partidos de esquerda que os mantêm. Todos os partidos – com menor ou maior número
de existência ou rigidez de confrontos – possuem eles. Bons exemplos, deste período,
foram 1) os embates entre o Ex-Governador Fernando Pimentel e Patrus Ananias. É
importante lembrar que naquela época Fernando Pimentel ambos já haviam sido prefeitos
de Belo Horizonte. Contudo, só o Patrus tinha experiência como Deputado e Ministro do
Combate a Fome do Governo Lula. Ainda assim, Pimentel venceu o embate e foi
candidato e Governador pelo partido em Minas Gerais; 2) Há muitos anos no PMDB
mineiro, existiu o embate entre os grupos do ex-Governador Newton Cardoso e o grupo
de Hélio Costa, hoje controlado pelo deputado federal Leonardo Quintão. Posteriormente
nasce um novo grupo e forte, formado no triangulo mineiro, da família Andrade, do qual
tiveram um ex-vice Governador de Pimentel na gestão de 2015-2018; 3) O PSDB
curiosamente, conseguiu durante anos, manter um alinhamento entorno de Aécio,
mantendo pouco ou nenhum confronto. Mas a nível nacional, assistimos embates
fortíssimos entre 2011-2013 entre o Ex-Governador de MG, Aécio Neves, e o exGoverador de SP, Geraldo Alckimin. Faltou pegarem em armas na época, figurativamente
3Todos os nomes das pessoas em que me envolvi pessoalmente aqui que não sejam figuras públicas ocupando cargos
públicos eletivos não serão revelados, serão pseudônimos. Para identificar se é um pseudônimo ou nome verdadeiro,
os pseudônimos estarão sublinhados.
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(risos). Ainda assim, mesmo o grupo de São Paulo sendo hegemônico – tendo total
controle do PSDB durante anos – Aécio foi cacifado e concorreu à presidência contra
Dilma, sendo derrotado por pouco menos que 4% dos votos válidos. Uma disputa
presidencial acirradíssima e que começou a dividir o país naquela época. Contudo, existe
um lado bom desses embates que levaram os brasileiros a se degladiarem entre Dilma x
Aécio? Sim! Hoje a maior parte dos eleitores passou a se interessar por política. Mesmo
que como eu, seja em 2003 ou 2006, ou seja, apenas na rebeldia, sem possuir os
instrumentos ou ferramentas para exercerem cidadania de forma efetiva a mudar o Brasil.
O Brasileiro não usa mais o antigo jargão: “Política, Religião e Futebol não se discutem”.
Ao menos política, agora, se discute e muito (risos). O quê precisamos é sofisticar essa
discussão. Ter munição para embates e enfrentamentos políticos significativos, com a
maior arma que uma democracia pode ter: “CONHECIMENTO”.
Voltando à eleição de Leandro, em 2008, apesar de tê-lo apoiado formalmente,
quase não fui às ruas pedir votos. Eu havia acabado de sair de um emprego na área de
engenharia, pois sou técnico em informática gerencial, e passado a me dedicar
integralmente ao pré-vestibular SOMA. Naquela época o ENEM não havia se unificado
como hoje e existiam as provas específicas da UFMG (Universidade Federal de Minas
Gerais) que como todos sabem são bem rigorosas, para não dizer elitizadas. Filtram
mesmo os candidatos aprovados. Além disso, mudei de opção de curso na reta final,
inicialmente estudava estudando para Engenharia Elétrica, na reta final, decidi fazer
História. E todos os esforços valeram a pena pois fui aprovado em várias faculdades,
inclusive, Pedagogia na UEMG (Universidade Estadual em Minas Gerais) – do qual cursei
o mesmo durante 6 meses.
Os anos de 2009-2010 foram anos que entrei para o movimento estudantil
universitário. Anos em que fiz muito barulho, mas pouco rendimento acadêmico (risos).
Contudo, espero que seja isso que estejam tirando deste livro, valeu e muito esta
experiência. Como todas as demais. Sem elas, este livro jamais seria possível. Portanto,
fui membro de gestões do D.A da UEMG (Diretório Acadêmico do curso de Pedagogia),
do D.A da FAFICH (Diretôrio Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
da Universidade Federal de Minas Gerais), do DCE-UFMG ( Diretório Central dos
Estudantes da UFMG) e, posteriormente, a uma entidade Estadual que se chama UEEMG (União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais). Toda essa experiência foi
significativa, de aprendizado, eu vi e vivenciei muitas coisas. Mas ao mesmo tempo,
desgastante e decepcionante. A decepção está em presenciar um movimento estudantil
atravancado por disputas espúrias e irrelevantes, sendo as relevantes levadas na “barriga”
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sem a seriedade necessidade. Decepcionante por que, como filado ao PT e naquela
altura eu já estava em outra corrente política dentro do PT, de nome “Tribo”, presenciei as
disputas internas e externas (com outras correntes partiárias como o PCdoB, PSTU, PCR
e etc…). E no final, a UEE que é uma entidade ligada à UNE (União Nacional dos
Estudantes) tinha “dono”. E o seu dono era a UJS (União da Juventude Socialista),
entidade construída pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil). E era uma entidade tão
viciada, fraudulenta, seja na contagem de voto dos congressos ou na agremiação e
estuantes nas diversas universidades e faculdades do Brasil que chegou um ponto que o
PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) – que dentro da esquerda até
hoje possui certa coerência e princípios – se desligou da entidade e montaram uma nova
entidade estudantil de nome ANEL ( Assembleia dos Estudantes Livre). Este livro não se
pretende fazer juízo de moral ideológica, apenas relapsos na introdução, mas se eu ainda
fosse estudante, confesso, faria parte da ANEL e não da UNE (risos).
Concomitante a vida de estudante, militante dos movimentos estudantis, eu ainda
tinha minha militância ativa em Contagem-Minas Gerais. Onde tudo começou. Com as
decepções no movimento estudantil, optei por focar – dali em diante – todos os meus
esforços nos estudos, melhorar notas e ler mais (afinal o curso de história exige muita
leitura, cerca de 250 páginas, entre diversos capítulos/textos de livros ou artigos,
indicadas pelos professores semanalmente).
Esta militância se resumia a dois pilares: 1) Eleger nosso candidato a vereador Zé
Antônio; 2) Fomentar nosso grupo político, tamanho crescimento que, naquela altura
havia sido “rachado” e não foi ao meio. Quanto ao item 2, poderíamos estender em
narrativa outro livro. Mas como não é nossa finalidade, posso dizer, de forma resumida,
que havíamos tido desavenças com o Bernado que naquele momento se colocava como
líder do grupo (não era uma definição clara, exposta, escolhido por votação entre nós),
mas por consentimento, agíamos como se ele fosse nosso líder e “orientador”. E por
diversas práticas políticas dele, diga-se pragmática, e que estávamos tendo diversas
divergências, optei por me desvincular deste grupo e formar outro. Curiosamente, outro
membro do grupo, mais recente, inclusive, de nome Tavares resolveu se juntar a mim. Daí
em diante, nós dois passamos a construir um novo grupo político, dentro da corrente do
PT de nome “Tribo”, que seria na prática uma Nova “Aldeia” dentro dessa rede de
subdivisões complicadíssimas para nós compreendermos, quanto mais a vocês caros
leitores. Confesso ser bem confuso tudo isso (risos). E víamos, neste candidato, a
possibilidade e o apoio, caso ele vencesse, de consolidar e estruturar este novo grupo
que em pouco tempo se tornou 14 membros. Tínhamos um discurso mais refrigerado.
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Reuniões mais livres nas falas. Possibilidades mais amplas. Nós íamos nos espaços do
povo onde ninguém queria ir: nas praças de jovens, eventos festivos como o antigo
evento “Churrasco Skate e Folia”, Religiões de Matriz Africana ( pois uma das pessoas
que angariamos era membro de uma), Nos movimentos Rapper’s ou mais modernamente
chamado de freestayler, Parada Gay, Bares que eram até então vistos como “mal
frequentados” em busca de novos adeptos dessa política (Seria meus primeiros passos
ao que eu passei a chamar e me vincular posteriormente de “Nova Política”?). Onde tinha
pessoas, lá estávamos. E era militância de carteirinha, juntando moedinhas para participar
e angariar pessoas com o charme sedutor da cerveja e boa prosa (risos).
Todos estes esforços tinham um objetivo muito bem consolidado: 1) Trazer mais
adeptos ao grupo e formá-los politicamente. Torná-los mais conscientes sobre política e
quem sabe, dali em diante, poderem agir, transformar a realidade social onde viviam e
contribuir com o grupo político-partidário, é claro; 2) Aumentar número de filados no PT
favoráveis a nós. O PT possuí um processo chamado PED (Eleições Diretas) para
escolha de suas direções municipais, estaduais e nacional. E nós havíamos entendido
(nosso crescimento de consciência política neste momento havia aumentado
consideravelmente) que não poderíamos fazer nada de bom enquanto certos grupos e
dirigentes estivessem no poder. Então nossa meta era aumentar o número de filiados e
vencer neste processo. Começando pelas eleições para presidente da juventude no
município. Não conseguimos ao longo de 2 anos filiar entorno de 100 pessoas. Muitos
não eram ativos. Mas isto não era uma preocupação, a meta era vencer as eleições
internas. Estávamos ao pouco ficando igual eles, os predecessores, os poderosos do
partido, membros do que hoje chamo de “Velha Política”. Mas achávamos que os fins
justificavam os meios e cada vez mais “colocávamos lenha no trem e seguíamos a trilha”.
Para a nossa decepção e percepção, que foi sendo compreendida com o tempo
(Consciência novamente sendo expandida), enquanto nós, duramente, pelo debate e
convencimento, fazíamos uma filiação, os demais grupos que nos viam com muito rancor,
raiva e ódio; eles faziam 10. Então vamos aos cálculos: se nós fizéssemos 100 filiados,
eles faziam 1000. Sem contar as alianças com caciques políticos da cidade que possuíam
filiados antigos cujo Bernardo mantinha fortes relações positivas. E o que pode mais
indignar você leitor (principalmente se conhecer um destes filiados, pois este sistema,
este mecanismo, existe em todo o País, de forma similar) são filiados que nunca
participaram se quer de uma reunião do mesmo. Nem sabiam o quê era o PED e seu
propósito. No dia da eleição, buscavam-nos em suas casas para votar. E é claro que
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ninguém sai de casa no domingo para votar em algo que nem sabe do que se trata de
graça não é verdade (risos)? Passemos adiante…
Em 2016, Êta 2016! Um ano de grandes Vitórias e Derrotas, de forma simêtrica,
para todos nós. Uma coisa que é importante salientar é que nesta época nós havíamos
adaptado o chamado pragmatismo político. Tínhamos interesse em 2 cargos
comissionados, ao menos, caso ele vencesse. Seria escolhido duas pessoas deste grupo,
composto por – neste momento – 20 pessoas. Por isso, mesmo sabendo que o candidato
Zé Antônio não era o candidato dos sonhos, pensávamos que ele era um mal menor e
podia se adaptar a um crescimento político positivo e ideológico com o tempo….Mas
estávamos muitíssimo enganados!
Em 2016, com a nossa ajuda, O Candidato a Vereador José Antônio, conhecido
como Zé Antônio do Hospital Santa Helena, vence as eleições com 2808 votos! Não sem
a nossa ajuda, é claro. Afinal, ele vence as eleições de forma apertada em relação a sua
suplente, com uma diferente de pouco menos de 200 votos. E eu estava na coordenação
e sua campanha, uma coordenação composto por duas pessoas, Eu e Luzana. No
entanto, ele nos chutou. Não cumpriu a palavra. E ninguém do nosso grupo foi
contemplado. E nesta época, já estávamos em outra corrente do PT, denominada de
“Democracia Socialista”, a mesma corrente de Tarço Genro, Juarez Guimarães, Paulo
Teixeira, entre outros. Nomes acadêmicos e muito intelectuais. Estávamos alinhados com
o desejo de incorporar o Zé Antônio nesta onda de um mandato mais pautado na
ideologia, Filosofia, História etc…e etc….Afinal, eu estava quase graduando em História.
Além disso, essa situação me fez lembrar de Leandro, lembram? Pois nesta altura
do campeonato eu já me comportava como ele: crítico, relativamente sincero ( falava
algumas verdades e incômodas ao candidato e ao partido), rebelde e etc…e qual
parlamentar, político, quer como seu assessor gente que pensa? Ou melhor: gente que
diz o quê pensa? Como vocês puderam perceber, nenhum!
A partir daí a minha vida pessoal se desmoronou. No capitalismo, se você aposta
em um ramo financeiro, tem que ir até o final, por que não há espaço para especialistas.
Em 2009 fiz uma aposta intelectual e política para minha vida. Isso nunca foi bem visto
pela sociedade. Não começou com o presidente Bolsonaro, querendo acabar o
desmantelar os cursos de Sociologia e Filosofia. Ele apenas está dando mais ênfase a
esta desvalorização. A verdade é que esta na História do Brasil, nestes 500 anos a
desvalorização da carreira de intelectuais pobres, ou professores. Estou por acaso
falando alguma inverdade? Em 2013 começo o meu processo de desvinculação do PT.
Explico. Foram vários fatores que me levaram a essa decisão:
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O Mensalão foi Real. Não sabemos a real dimensão daquilo. Como e o quanto Lula
estava envolvido. Mas o PT sabia de tudo. E descobrir isso foi muito decepcionante. Eu
costumo dizer que a prova disso é que em 2006, um dos caciques do PT Nacional e ExSenador, Aluísio Mercadante, lança um livro espetacular, Brasil Primeiro Tempo, em que o
mesmo por descuido, desespero ou desabafo, lança um capítulo – que foge até dos
demais que têm fundamentos mais econômicos – dizendo claramente que o PT “Rompeu
com seu Império da Ética”.
 Para mim era decepcionante saber que 90% da militância petista nunca havia lido o
livro “A História do PT” de Lincoln Secco, professor do Departamento de História da USP.
Na época eu havia comprado 5 exemplares, pois eu economizaria comprando desta
forma. Foi um custo vender os demais 4 exemplares para muitos militantes que ofereci.
Quem não conhece sua história está fadado ao fracasso. Vergonhoso Isso.
• A escolha de Dilma para Presidente foi uma escolha autoritária por parte do Expresidente Lula. Não tinha como dar certo a longo prazo. Haviam várias opções ou
alternativas melhores, mas ele “estrangulou” todos os demais fôlegos, como os nomes de
Marina Silva, Tarso Genro, Patrus Ananias e etc…Provavelmente os preferidos eram José
Dirceu e Palocci. Mas como estes dois nomes estão envolvidos em escândalos de
corrupção, sobrou um “fantoche”. E como sabemos, ela foi. Na mão dele. Na mão do
Congresso. E, principalmente, na mão do Capital Especulativo, Latifundiários e
Industriários do país;
• Fernando Pimentel havia vencido as disputas internas naquele período e tudo
indicaria que seria o futuro Governador do Estado de Minas Gerais. Como hoje ficou
provado: é um ser político sem escrúpulos, pragmático ao extremo e aliado do que tinha e
pior na política na época. Criou Márcio Lacera, com a Aliança maluca junto a Aécio Neves
na Época. Fez uma péssima Gestão como Governador e, atualmente, está em fins de ser
preso.
 Decepções municipais com o PT de Contagem. Muitos desgastes e divergências
com os correligionários do líder que manda neste partido na cidade: o ex-deputado Durval
Ângelo.
 Decepções Emotivas e Pessoais com o Vereador José Antônio. Hoje ele está no
seu segundo mandato e é um dos piores vereadores da câmara. Não apresenta projetos
válidos para a cidade. Esteve alinhado com o Governo Anterior e está atualmente. Suas
falas no microfone, algumas, já viraram até Memes, comédia, por que ele é extremamente
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ignorante intelectualmente, chego a me arrepender por completo de tê-lo apoiado,
ajudado a chegar lá na câmara como vereador.
Eu poderia ficar aqui relatando inúmeros pontos. Mas preciso ser breve neste
capítulo. E, caro leitor, tentarei ser o mais breve daqui em diante. Dito tudo isto (risos).
Em 2014, nasce um Novo Marcos Pinheiro politicamente. Um que,
incansavelmente, tomou algumas decisões: ser servidor público efetivo ou trabalhar com
qualquer coisa, mas nunca mais ensejar ou depender a hipótese de ter um cargo público
político que não fosse eletivo ( ou seja, eleito pelo povo). Passei a trabalhar duro em criar
uma nova plataforma que consistia nos seguintes pontos:
 Atuar sob a Sombra da Nova Política. Não a da Marina que estava no auge na
época. Mas uma peculiar. Inspirada em movimentos que estão acontecendo em todo o
mundo, como o PODEMOS na Espanha do qual há anos venho lendo e me inspirando
muito. Então passei a usar o jargão “VELHA POLÍTICA” x “NOVA POLÍTICA”. Tentando
identificar, ao máximo, diferenças entre uma e outra. E é claro, no Brasil ela ainda é muito
recente, incipiente.
• Como Pensador e Militante da Nova Política, fazer uso da sua principal plataforma:
AS REDES SOCIAIS. Por isso, em 2014 eu criei a página “A Cidade em Debate com
Marcos Pinheiro” na tentativa de inovar o máximo. Claro que muitos equívocos acontecem.
Inovar nunca foi fácil e nunca ocorre da noite para o dia (risos). Mas se repararem,
naquela época quase ninguém tinha fan pages, uso maciço nas redes sociais e produção
de vídeos e live’s com tentativa de franqueza, agressividade e fiscalização do poder
público. Agora surgiram muitos, especialmente, a partir de 2017. O próprio Bolsonaro fez
muito uso disso. Assim como diversos deputados que foram eleitos em 2018.
 Dizer o quê ninguém tá dizendo com o máximo de transparência e sinceridade,
mesmo que para isso, tenha que usar linguagem “Chula”, alguns palavrões (risos).
 Partido são máquinas de manter a política como esta. Por mais que a legislação
ainda nos obrigue a ter um partido para se candidatar, um candidato da Nova Política tem
que tomar cuidado para não entrar no jogo partidário. Usar todos os mecanismos que a lei
permite (como as “janelas partidárias”) para que, mesmo sendo eleito por partido “X”,
possa se desvincular quando o mesmo estiver travando-o de ser Ele e Trabalhar de forma
inteligente, honesta, sincera e correta para o Povo.
 Por último e por fim, passei a focar na Função “Fiscalizadora” do Parlamento em
detrimento as demais. Especialmente no que tange a Projetos de Lei. A maioria,
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esmagadoramente a maioria, são desnecessárias. Pois já existem leis federais
excessivas e provavelmente o projeto de lei do vereador já existe, não sendo necessário
criar outro municipalmente. Aliás, muitos destes candidatos dos quais vocês não devem
votar fazem uso desta artimanha, deste jogo de ilusão de ótica! Cuidado!!!!!
Dito isto, vamos a parte prática e objetiva do livro que muitos anseiam em ter sua
consciência expandida por este livro. Durante muitos anos, tenho escutado: “Político é
tudo igual, não tem como diferenciar”. Bom, este é um livro focado nas eleições
municipais, na escolha do seu vereador em Outubro de 2020. E este, caro leitor, eu lhe
garanto. É possível diferenciar sim. Contudo, o livro está mais preocupado em te dizer em
quem não votar, do que quem votar. A escolha exata sempre será subjetiva. Mas a
escolha de quem não votar é objetiva e é isso que você vai descobrir. Afinal, se você
eliminar 70% dos candidatos devido a esta ferramenta que vou lhes apresentar, ficará
mais fácil escolher entre os 30% restantes, certo? Supondo que são 1000 candidatos
totais em sua cidade, se você, por meio dessa ferramenta, conseguir eliminar 700
candidatos dos quais não deve votar, escolher um bom entre 300 não será uma tarefa
difícil, aina mais se ler e compreender bem minha trajetória política exposta neste capítulo!
Então sigamos em frente, ao segundo capítulo! Vote Consciente, Sempre!
CAPÍTULO 1
O DESPERTAR E A POLÍTICA: O GIGANTE ACORDOU?
A partir de 2013, assistimos a uma série de manifestações eclodirem em todo o
Brasil. Para muitos foi um susto. Um Despertar. Ficou muito famoso o Slogan: “O Gigante
Acordou” por meio de outro famoso slogan, “Vem Pra Rua”. Principalmente aos mais
jovens, a sensação era de um ato inovador, algo “nunca visto antes neste país”. Contudo,
a história nos mostra que isto não é verdade.
Em março de 1983, Mesmo sob a égide de um Regime Autoritário e que proibia
manifestações, milhares de pessoas foram às ruas pedir pelas “Diretas Já”, estima-se que
foram 1,5 milhões de pessoas, marcadas pela presença jovem. Sem dúvidas, estas
passeatas deram uma tonalidade importante à história do nosso país, ao menos, para o
regime político do qual vivemos hoje: Democrático de Direito. Alguns anos depois, em
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1992 – impulsionadas pela Emissor Rede Globo que curiosamente há poucos meses
havia apoiado este mesmo nome para presidente – assistimos a milhares de jovens
conhecidos como os “cara-pintadas” irem às ruas protestarem a favor do Impeachment do
ex-presidente, Fernando Collor de Mello. Seria o primeiro Impeachment na história do
país, um marco. No entanto, foram quase 21 anos sem nenhuma manifestação a partir
daí. Mesmo com inúmeros motivos para que o povo voltassem às ruas, a exemplo de
infindáveis vendas de estatais e corrupções cometidas pelo PSDB, como mostra o livro
“Privataria Tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Junior, entre outros inúmeros motivos.
Daí a importância de 2013.
O “Vem Pra Rua” tem diversas outras características peculiares e importantes que,
acredito, ficará para os anais da história do país e futuros historiadores. Apesar de muitos
acreditarem que foram manifestações de cunho político ideológico, pró-impeachment da
ex-presidente Dilma, não trabalho com esta tese. Na verdade, foram manifestações muito
difusas e amplas em suas bandeiras e protestos. Haviam os quê estavam ali
reivindicando melhorias na saúde, educação e segurança pública; os que estavam ali
protestando contra toda a classe política, especialmente, os Deputados Federais e
Senadores, levantando a bandeira contra o fim da Corrupção; os que estavam ali
protestando contra partidos políticos e o Sistema como um todo, como foi o caso dos que
ficaram conhecidos como Black Blocs. E também, é claro, muitos estavam ali em favor do
impeachment de Dilma, sobretudo, contra os altos investimentos do Governo do PT nos
mega-eventos de futebol, “Copa das Confederações” e Copa do Mundo”, especialmente
na correlação possível entre Investimentos com Dinheiro público nos Mega Eventos
Esportivos e Desvio de Verbas, atos de corrupção, sobre os mesmos. Foram
manifestações que começaram em 2013 e só diminuíram em 2014. O país ficou sacudido!
Outro grande diferencial destas manifestações, isto sim algo inédito no país, mas
muito comum em países europeus como a França, foram alguns atos de “vandalismo” e
enfrentamento com a polícia que tiveram alguns manifestantes. Muitos foram detidos.
Muitos feridos com tiros de borracha. Por mais que eu e você, caros leitores, podemos
discordar deste seguimento e particularidade das manifestações, há algo nestes episódios
que são importantes para se analisar: A adrenalina na política começou! Parece-me que a
paciência do povo, após 500 anos de exploração pelas elites que comandaram
politicamente o território conhecido hoje como o Brasil, se esgotou! Mas será que o
Gigante acordou mesmo? Eis uma resposta que não temos. Mas deixo essa parte para
vocês pensarem…
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O quê temos de concreto mediante tudo isto é: Dilma quase perdeu a Eleição para
Aécio em 2014, com uma diferença pífia de apenas 3%, aproximadamente, de diferença
nas urnas. O país ficou rachado, dividido. Alguns anos depois, Em 2018, o PT perdeu as
eleições para Jair Bolsonaro. Goste ou não destes dois nomes, principalmente o de Aécio,
que decepcionou muitos brasileiros com seus vários escândalos, envolvimento com
diversos tipos de corrupção, uma coisa temos que admitir, seja você de Direita ou
Esquerda: o povo para bem, ou para mal, entrou em um ciclo de mudanças. Assim, ao
menos, interpreto. Trabalho com esta tese.
Podemos visualizar essa tese quando analisamos, especialmente, a Câmara
Federal, onde ficam os deputados federais. Foram eleitos 243 deputados novos, uma
renovação de 47,3%. Um número surpreendente. Nunca ocorrido desde a
redemocratização, em 1985. Além disso, destes, muitos deputados foram eleitos de forma
surpreendentemente diferente. Alguns foram eleito com discurso combate a corrupção,
sem vínculos partidários muito rígidos e muito poucos recursos de campanha.
Historicamente isso foi surpreendente! O Jogo Político-Partidário, da política colocada
desde 1985 (que chamarei daqui em diante de “Velha Política”) parece que foi
desmontado pela metade. Ou ao menos, muito bem embaralhado. A Sensação que tenho
– pois é muito cedo para ter certeza já que estamos vivendo um processo novo – é a de
que a entidade “Morte” rondou as eleições de 2018. Pareceu que o “jogo de cartas” que té
então eram marcadas, para os donos do baralho, foi trocado e os jogadores tiveram que
jogar com um novo baralho (risos). Mesmo que, como disse anteriormente, este jogo
possa ter mudado para bem ou mal. Não se trata aqui de moralizar, mas de analise sobre
fatos em relação a mudança em números, posições ideológicas e partidárias,
especialmente, na forma discursiva e percepção de como o eleitor compreendeu os
jogadores em disputa. Foi um tapa de luva no stablishment, ao menos, do Sistema
Político colocado até 2018. Mesmo que não tenha afetado em nada o Sistema Econômico.
Feito este pequeno resumo e análise dos eventos a partir de 2013, precisamos
agora irmos para a parte obscura e nada refrigerada, totalmente, congelada ainda: os
municípios. Lamentavelmente, os efeitos de 2013 que respingaram no sistema político a
nível nacional e em vários Estados (incluindo Governadores eleito que nunca havia se
envolvido no meio político, como aconteceu em Minas Gerais, com o empresário ZEMA
do Partido Novo) nem tocaram as cidades, os municípios. Eles ainda continuam intocados,
lamentavelmente. Com prefeituras que foram preenchidas, em sua maioria, por prefeitos e
vereadores da Velha Política. A pergunta é: “2020 haverá essa mudança e preocupação
13
por parte do povo em estabelecer um novo pacto com as cidades”? Este livro só tem
sentido de existir se a resposta a esta pergunta for: “Sim”.
A Grande dificuldade que acredito que o eleitor está encontrando para realizar
estas transformações a nível municipal, que foram levemente alteradas a nível nacional,
ao meu ver, são as “Emoções”. Quando jornais transmitem uma notícia de assassinato
brutal de uma pessoa, podemos ficar chocados. Mas você não chora, certo? No entanto,
quando se trata de um ente querido, parente ou grande amigo, as Emoções se modificam
por completo. Seriam meses ou anos de luto. A tristeza seria “incurável”. Da mesma forma
ocorre na política. Quando são eleições para Deputados Estaduais e Federais, por
exemplo, por ambos trabalharem e residirem longe de nossas casas, precisarem de votos
em todo Estado, temos menos relação e – dentro desta “onda de mudanças” – acabamos
fazendo escolhas “mais racionais”. No entanto, quando se trata da escolha de vereadores
em nossas cidades, a “Irracionalidade” e as “Emoções” parecem tomar o controle de
nossas escolhas. Escolhemos por que é nosso amigo, ou amigo de algum familiar.
Escolhemos por que “José” (adotarei daqui em diante o nome “José” daqui em diante para
designar um indivíduo fictício) já nos fez algum favor. E por aí vai.
O quê pretendo com este livro é em primeiro lugar: alertar aos brasileiros que se
continuarem com este perfil “irracional” e “emocional” na escolha de seus vereadores,
nunca mudaremos a política, também, a nível municipal. Já ouviu falar que toda mudança
começa de baixo? Não é diferente na política. Começamos, sobretudo, em nossas
cidades. Fazendo boas escolhas para vereadores e prefeitos.
Em segundo lugar, diferentemente do quê muitos pensam, existem funções e
atribuições, de Acordo com a Constituição Federal, aos poderes municipais, executivo
(prefeitos) e legislativo (vereadores) que são essenciais para a melhoria da sociedade
como um todo. Sem estes exercícios de forma séria, nossas vidas são bastante
prejudicadas.
Em Terceiro Lugar, se você é o eleitor que está disposto a usar ferramentas
“Racionais” na escolha de seu candidato a vereador em sua cidade (este livro não faz a
análise do prefeito, somente dos candidatos ao poder legislativo), mas não sabe bem
como fazer a escolha deles, pois imagina serem todos iguais, você está lendo o livro certo!
Como você verá a partir daqui, não são todos iguais e é possível fazer distinção, podendo
optar se não pelo melhor, ao menos, pelo menos pior, o quê já contribui muito com as
transformações no poder legislativo da sua cidade. Então, sigamos em frente!
14
CAPÍTULO 2
POLÍTICOS: VIDA PÚBLICA X VIDA PRIVADA
Muitos eleitores por limitação intelectual acerca do exercício da sua cidadania ou
por apego cultural-religioso-moral muito arraigado em suas vidas, acabam julgando as
pessoas mais pelos seus atos na vida privada que os atos na vida pública. Não que eu
quero diminuir os pesos da vida privada. Até por que, supondo, que dentro de um
casamento ocorra violência doméstica, não há o quê se julgar, uma vez que existem leis
em que vai punir o ato cometido pelo ser humano que cometeu o ato, dos quais a grande
maioria dos agressores são homens. No entanto, alguns julgamentos são meramente
morais mesmo, não éticos. Aliás, vamos começar por essa distinguir a ética da moral.
Vamos supor que José tenha problemas com alcoolismo. É considerado pela a
OMS ( Organização Mundial da Saúde ) como alguém que tem uma doença e precisa de
cuidados. Mas, moralmente, grande parte das pessoas logo dizem: “José é uma pessoa
legal, pena que bebe demais. Coitada da esposa e dos filhos (…)”. No entanto, esta
mesma pessoa que fez tal julgamento, se fosse o Pastor José, da Igreja Amantes de
Cristo (nome fictício) mesmo que, corrupto (fazendo uso de discursos exagerados no
pedido da chamada “Oferta” e caso estivesse usando este dinheiro para fins próprios,
afim de cobrir luxos) a pessoa não vê problema algum. Entre outros modos de “corrupção”
que o Pastor José possa cometer. Afinal ele não faz uso da bebida, não fuma e está no
primeiro casamento, com lindos filhos. Percebem o quanto este julgamento é “Moralista”?
Mas abriu mão do julgamento ético.
Trabalho, neste livro, com a definição de Ética e Moral da seguinte forma:
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 Ética: Conjunto de condutas individuais ou Coletivas no respeito à Coisa Pública,
ou a Vida Pública, e a livre condição de existência na vida privada, desde que respeitada
as regras ou leis de uma determinada sociedade.
 Moral: Conjunto de Valores Culturais, principalmente, Religiosos, de uma
sociedade que norteiam um modo de Pensar ou de se Viver de um indivíduo ou
Sociedade.
Desta forma, como podemos ver, a Ética é um conceito que estaria mais disposto a
diferenciar a Vida Pública da Vida Privada, enquanto a Moral qualifica uma pessoa de
acordo com os costumes, os valores morais de uma pessoa ou sociedade. Então agora
vamos a outro exemplo: “José 1” é vereador da cidade de “luna” (nome fictício). Respeita
todas as leis, nunca fez uso de forma ilícita das verbas de seu gabinete, não tendo
funcionários “fantasmas” como alguns políticos têm para a prática da “Rachadinha”, por
exemplo; não aceita votar em projetos de Lei a troco de vantagens e não tem cargos com
o prefeito. Um exemplar vereador no exercício da Lei. Contudo tem uma vida privada, no
pós-expediente, bastante libertina. Toda semana uma mulher diferente, curte Death Metal
(Um tipo de rock considerado muito pesado), enche a cara e anda de preto, igual um
morcego (curiosamente existe um vereador do interior de São Paulo, da cidade de Santo
Anastácio, com características parecidas a este exemplo – risos). Contudo, seu colega de
câmara dos vereadores, o “José 2” é Bonitinho, todo pomposo, só anda engravatado,
mesmo fora do gabinete, sorri para todo mundo, evita falar gírias, discursa bonito palavras
de cristo na sua igreja, casado e tem dois filhos. No entanto, tem vários cargos na
administração do prefeito, considerado pela população um péssimo prefeito. Já votou em
projetos de lei que beneficiam empresas que irão poluir a cidade, em troco de
R$ 200,000,00. E tem apenas 4 assessores em seu gabinete, mas oficialmente, tem 9
assessores, ou seja, 5 são “fantasmas”. Em resumo, um corrupto na vida pública.
Conforme podem ver, o “José 1” é um político Ético, mas não moralista. Enquanto o
político “José 2” é Moralista (Considerado uma pessoa de Moral e Bons Costumes) mas
não é Ético. “José 2” não é Ético por que não diferencia sua casa do exercício de seu
mandato que é um trabalho do qual o mesmo, em essência, é funcionário do povo.
Desrespeita a democracia, o povo que o elegeu. Mesmo sendo moralista.
Então caro Leitor, eis que lhes dou a primeira ferramente: Vamos abandonar a ótica
do candidato Moralista como o parâmetro mais importante. O Parâmetro Ético é o mais
16
importante para ocupar uma vaga como vereador. Ao menos para esta função, os valores
morais precisam ser diminuídos em detrimento aos valores Éticos se quisermos ter uma
“Nova Política”. A que tanto sonhamos. Uma mudança de caráter positiva, boa, qualitativa!
Portanto, eis que é dado a “FN1” (Ferramenta de Número 1): “Ética”. Se seu
candidato não confunde a casa dele com seu gabinete, pode dar o primeiro pontinho. Mas
como saber se o candidato é ético? As demais ferramentas vão ajudar na percepção e
verificação dos mesmos.
CAPÍTULO 3
POLÍTICOS, COMPRA DE VOTOS, ASSOCIAÇÕES DE BAIRRO E ONG’s
Este capítulo apesar de não ser o último, propõe-se ser o mais polêmico (risos).
Por que ele certamente poderá ser inovador aos olhos de muitos, mas contrariar o
paradgma atual de muitos eleitores. Mas este livro, diferente de outros “auto-ajudas” (aliás,
gostaria muito de entender que tipo de gênero literário este livro se enquadra. Se estas
palavras permaneceram é por que não descobri até a data da publicação…), não tem
propósito de agradar o leitor ou aumentar sua capacidade de resolver problemas pessoais,
emocionais. Muito pelo contrário, tenta romper com a barreira das emoções que impede
com que tenhamos melhores políticos governando o nosso pais. Dito isso, sigamos em
frente…
A chamada “Compra de Votos” propriamente dita é muito conhecida por todos nós.
Ocorre de várias maneiras. As mais tradicionais são: sacos de cimento, doação de
cadeiras de roda, “Ajudinha” a acesso aos serviços públicos a uns em detrimento a outros
(como leitos hospitalares, vagas em creches ou escolas, finalização de multas, Alvará de
funcionamento de estabelecimentos fora do previsto em Lei, liberação de eventos
irregulares por órgão como a COMOVEC e etc…etc…). E claro: o dinheiro, propriamente
dito. A forma com que este pragmatismo político ocorre de Estado para Estado, Cidade
para Cidade, são inúmeras. Certamente a criatividade de alguns Políticos Lacaios a
realizam para o mal em São Paulo com certeza devem ter suas singularidades ou
particularidades em relação à pequena cidade de Juazeiro, na Bahia. Outro exemplo é a
cidade mineira, da qual conheço, considerada distrito de Bocaiuva, chamada de
Guaraciama. Lá, devido a imensa pobreza e ausência de políticas públicas, os políticos
negociam até água, com seus caminhões pipas, uma vez que falta infraestrutura para
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levar água a casa das pessoas. Um fato muito lamentável, mas muito comum ainda em
várias cidades do País. Este tem sido o traçado tradicional da Velha Política no uso
pragmático para vitórias eleitorais, no quesito: “Compra de Votos”. Claro e evidente que
qualquer político, candidato a vereador que tiver este tipo de prática, deve ser eliminado
da sua listinha imediatamente!
Contudo, existem outras formas de compra de votos mais sutis e, talvez, nos dias
de hoje, mais eficazes. Especialmente, em cidades com mais de 100.000 habitantes,
onde as características sociais, econômicas e políticas são diferentes das cidades
menores. São elas as “Compras de Votos Veladas”. A palavra Velado em seu sentido
figurado, significa: “que se encontra encoberto por algo; tapado, escondido”. E estas formas têm
sido usada por todos estes municípios, de grande porte, onde existem recursos – prefeituras com
arrecadações consideráveis – por meio das ONG’s (Organizações não Governamentais) e as
Associações de Bairro. Duas entidades que nasceram com um propósito muito honroso, digno e
respeitoso, mas que com o tempo, como muita coisa no Brasil, passou a ser instrumento aliado à
corrupção política.
As ONG’s surgiram no Brasil na década de 90 com duas importantes entidades:
organizações não governamentais no país como Rede de ONG’s da Mata Atlântica – sendo a mais
conhecida a “SOS Mata Atlântica” (1986) e o Instituto Ethos (1998). São duas ONG’s que até hoje
têm importante papel, são sérias e desvinculadas de atrelamentos políticos direto, como apoio a
candidatos e partidos. E as ONG’s nasceram para isso mesmo. Como parte do Terceiro Setor4 da
sociedade com a finalidade de usar dinheiro privado, das empresas, para fins públicos.
Mas, infelizmente, essa ideia foi deturpada e adaptada – predominantemente à política local
ou municipal – com a finalidade de eleger políticos. Então, a ideia original na grande maioria das
Organizações Não Governamentais do país hoje são entidades de faixada, com o discurso de ajudar
pessoas, mas o seu fim, o Real Fim, é eleger os vereadores ou candidatos a vereadores ligado a elas.
Se podemos falar em “Gênios do Mau”, estes Políticos Lacaio certamente o são (risos). Em termos
práticos, discursivamente, eles não usam a palavra ONG enquanto publicidade. Usam a palavra:
“Projeto Social” que, se recebem dinheiro público, na prática é a mesma coisa! É importante deixar
claro que por lei, esta prática é ilegal, inclusive, um candidato ao cargo de vereador não pode ser
membro da executiva ou presidente da ONG para se candidatar. E, caso tenha sido anteriormente,
existe um prazo de 6 meses para que ele possa se descompatibilizar oficial da ONG. Vamos, agora,
explicar como eles operam.
4O Terceiro Setor é composto por associações e fundações que geram bens e serviços públicos, mas sem fins lucrativos,
que suprem as falhas deixadas pelo Estado. É uma junção do setor público com o setor privado, ou seja, dinheiro
privado para fins públicos.
18
Um bom exemplo que posso vos dar é de um vereador da minha amada Cidade, chamado
Alex Chiodi, que está no seu terceiro mandato e tem vínculos claros com a ONG ( como eu disse:
eles chamam de “Projeto Social”, nome para “adoçar” essa problemática – risos). No site da câmara,
em sua biografia, podemos encontrar o seguinte texto:
O jovem vereador Alex Chiodi é filho da ex-vereadora Maria José Chiodi,
de quem herdou a vocação política. Foi eleito em 2008 com a proposta de unir
juventude e experiência.Por sempre estar em contato direto com a população,
aprendeu a identificar as necessidades do povo. Com sua mãe, criou o projeto
Mulher Guerreira.5
Como vocês podem ver, neste caso, não há nem a tentativa de “Velar” a situação
que é extremamente ilegal, tal atrelamento. A ONG chamada de “Projeto Social”, promove
diversas atividades à população – mais especificamente – ligado ao “curral eleitoral” dele.
Pois uma das características destas ONG’s, inclusive, é que elas não têm capacidade de
atender toda a cidade. Acabam, por, pragmatismo, atender certa região de interesse
eleitoral destes políticos. Em 2013, saiu uma matéria no jornal “O Tempo Contagem” com
as seguintes informações sobre este “Projeto Social”:
Em 2013, um importante projeto social na cidade expandiu suas atividades. O
Jovem Guerreiro, que funciona junto com o projeto Mulher Guerreira, foi
ampliado, ganhando aumento no espaço para a realização de aulas de
hidroginástica e proporcionando novas vagas para pessoas acima de 18 anos,
nos períodos diurno e noturno. 6
E é justamente aí caro eleitor que você precisa tomar muito cuidado. Aos olhos
emotivos, menos atentos, menos racionais, um ato como este pode parecer muito bonito!
Lindo! E de fato é. Mas a custa do quê? Pois estas ONG’s recebem dinheiro público (seus
impostos) para funcionarem. Todo vereador tem o quê chamamos de “Emenda
Parlamentar”, assim como os deputados, e direcionam recursos sabe para onde?
Justamente para estas ONG’s. “Projetos Sociais” estes que nada mais são que “Compra
5Disponível em: <http://www.cmc.mg.gov.br/?page_id=134&gt;
6Disponível em: <https://www.otempo.com.br/o-tempo-contagem/projeto-jovem-guerreiro-expande-suas-atividades-
1.771448>
19
de Votos Velada”. De forma sútil, não deixa de ser compra de votos. Por que Estes
serviços, todos eles, prestado por tais ONG’s são realizados com dinheiro público e,
portanto, deveriam ser oferecidos pelo prefeito de sua cidade, ou seja, pelo poder
executivo municipal e a todos os cidadãos de forma democrática. E não sob o controle de
um político. Até por que é muito difícil mapear se os recursos públicos enviado a elas
estão sendo ou não desviados. Muitos fazem isso. Colocam em suas prestações de
contas, por exemplo, que o professor custou R$ 50,00. hora/aula, por meio de “notas
frias”, enquanto na verdade a hora dele custou R$ 20,00. Logo os outros R$ 30,00 reais
foram para o bolso de alguém…e não foi o meu, nem o seu, disso temos certeza (risos).
Curiosamente, em minha cidade, temos 21 vereadores. Cada vereador recebe em
média R$ 12.500,00 de salário. Fora valores por participarem de reuniões extraordinárias.
Seria mesmo necessário fazer tais artimanhas para obter mais dinheiro? É um absurdo
que não podemos aceitar. E, curiosamente, todos os 21 vereadores da cidade possuem
ONG’s como o vereador Alex Chiodi, seja de forma mais discreta ou de forma descarada
como ele. Alguns colocam laranjas, sob as mesmas, e fazem o trabalho de relação com
os participantes ou beneficiários das ONG’s de forma mais discreta.
Agora, não se enganem. Este fator “ONG” enquanto “Compra de Votos Velada”
acontece em todo o Brasil. Comece a reparar em sua cidade. Seja aí em Natal, Rio
Grande do Norte, ou Caxias, no Rio Grande do Sul. De Norte a Sul no país este
fenômeno e instrumento pragmático de corrupção está acontecendo. Por isso fique atento!
Não muito diferente são as “Associações de Bairro”. Entidades que nasceram com
propósito ideológico muito bonito mas que hoje se deturparam por completo. Nasceram
como forma das comunidades se organizarem politica, social e culturalmente. De forma
democrática, transparente e não político-partidária. Mas atualmente, quase todas as
Associações estão atreladas ao meio político por meio da direção das mesmas,
geralmente, o presidente da associação. Geralmente, a troca é muito simples. O
Presidente da associação apoia um vereador em mandato ou outro candidato poderoso
da Velha Política, em troca recebe um cargo na prefeitura ou em seu gabinete. E caso
este prefeito faça parte da base aliada do governo (e geralmente os políticos da Velha
Política local nunca são oposição aos seus respectivos prefeitos), fazem convênios para
que as associações recebam dinheiro. E, sabe-se lá como serão gastos estes valores,
também com “notas frias”, como acontecem com as ONG’s (risos). O Processo é muito
parecido.
20
Por isso, se tenham muito cuidado com este tipo de candidato. Os candidatos
“Projetinho Social”, apoiados por “Associações de Bairro”, ou, futuramente vão se
arrepender amargamente. Por que o dever de casa, destes políticos, quando eleitos, não
são feitos. Não fiscalizam o prefeito. Geralmente participam de algum tipo de corrupção e
desvio de verbas e criam pouco ou nenhum projeto de lei eficiente. Estão mais
preocupado em denunciar buraco de ruas ou dar nome a elas, lamentavelmente.
Portanto, esta é a nossa Ferramenta de Número 2 (FN2): “Análise dos Políticos
que compram votos de forma Direta ou Velada”. Caso o candidato esteja interligado a
estas relações, sugiro que você elimine-o da sua lista de possíveis candidatos em
potencial. Dito isto, vamos à Ferramenta de Número 3 (FN3)! Avante no Voto Consciente!
21
CAPÍTULO 4
POLÍTICOS E OS GASTOS DE CAMPANHA
Desde que o voto passou a existir em nosso país, como historiador, reconheço este
marco a partir de 1824, com a independência do Brasil de Portugal e a elaboração da
primeira legislação eleitoral do país que as fraudes existem. Foram sendo mais discretas,
com o passar dos anos, mas muito mais sofisticadas; contudo, lá estavam elas: as
fraudes eleitorais. Até 1841, por exemplo, Havia o chamado “Voto por Procuração”, no
qual o eleitor transferia seu direito de voto para outra pessoa. Um negócio absurdo…Mas
é um fato histórico. Sem falar que durante muito tempo persistiu o chamado “Voto
Censitário” que nada mais é, em linguagem popular, tinha direito ao Voto quem Tinha
Grana, Money! Isso mesmo, se você não tivesse posses, não teria direito ao voto.
De 1891 a 1930, passou a existir a chamada “Política dos Governadores”
(popularmente conhecida em livros de história mais arcaicos como a “Política do Café-
com-leite”), onde passou a existir a figura do “Voto de Cabresto” que foi uma forma
impositiva e autoritária por parte dos coronéis de coagir os trabalhadores a votarem em
seus candidatos ou neles próprios, sendo necessário entregar apenas um pedaço de
papel qualquer com o nome do seu candidato. E lembre-se: neste período a maior parte
da população brasileira era analfabeta funcional, não sabendo ler e escrever. Logo quem
vocês acham que escreviam os nomes no papel? Os próprios interessados: candidatos
coronéis!
De 1930 aos dias atuais – se pularmos o período de 1964 a 1985 que foi um
período de exceção onde o direito ao voto e escolha de candidatos foi brutalmente
retirado – Muito daquelas práticas continuam, apesar de termos aperfeiçoado o sistema
eleitoral em termos de um Código (Conjunto de Leis e Regras), Da cédula de papel para a
Urna Eletrônica e o Direito de todos: negros, mulheres, pobres, deficientes e etc…ao voto.
Neste ponto de vista, a Democracia e a Constituição de 1988 trouxe inúmeros avanços,
daí ser considerada uma constituição cidadã, inspirada, nas mais modernas
jurisprudências e textos jurídicos da Europa, como a França e a Alemanha.
No entanto, o sistema político, bem como as elites envolvidas no mesmo,
continuam arrumando formas de manter o lado “Cabresto” da década de 30 e fazer do
jogo político um jogo previsível, de vencedores como se fossem cartas marcadas. E para
além de uma logística muito sofisticada para alcançar a vitória eleitoral, tem algo que
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desde 1988 até 2018 foi predominantemente marcado como parte desta logística: o
Dinheiro. Campanhas caras, bem capilarizadas, comprando eleitores corruptos, fazendo
uso da máquina pública, bem como instrumentação como comitês, carros de som, placas,
cavaletes, bocas de urna e etc…garantiram – como se fosse um mapeamento matemático
a estes político – a vitória eleitoral. E estamos falando de campanhas milionárias! Era
impensável, até pouco tempo, ser Deputado Federal sem que o candidato gastasse
menos de R$ 1.000.000,00. Sem falar em campanhas de Políticos Lacaios que
superavam o teto de 10 milhões! Isso mesmo, 10 milhões! O Curioso é o seguinte: em 4
anos de mandato, estes políticos recebem cerca de 800 mil reais de salário. Qual o
sentido gastar 10 vezes mais que o salário em 4 anos? Sabemos bem o sentido: não é o
salário que estes estão interessados. Mas sim, as possibilidades de se beneficiarem com
negócios – seus empreendimentos empresariais – imunidade parlamentar e outras
possibilidades de mais uma vez fazerem corrupção, com grandes desvios de verbas.
Além do Status é claro. Alguns são fascinados pelo Poder, estar ali para eles é como subir
no topo da montanha e gritar: “Eu sou o Rei”!
Contudo, com a aprovação da lei 13.488/17, conhecida como “Minirreforma
Eleitoral”, a casa parece ter caído para alguns (risos). Que apesar de ainda muito aquém
do que a sociedade civil gostaria, mas já causou um “abalo sísmico” na coisa! Criou teto
de Gastos para candidatos. Proibiu carros de Som, Cavaletes, Camisetas, entre outras
importantes restrições aos candidatos. Mas ao meu ver, a principal delas, foi a proibição
do financiamento privado de campanha. Muitas empresas bilionárias com interesses
capitalistas e individuais, acabavam financiando candidatos capazes de trazer retorno aos
mesmos. A famosa “Operação Lava-Jato” é prova disso. O Mecanismo da corrupção
neste evento foi simples: agentes públicos corruptos, ocupando cargos na Petrobras, por
meio de intermediários das grandes empreiteiras, conhecidos como “Doleiros”, faziam o
trâmite entre o Poder Político e o Poder Empresarial para que essa rede de 4 atores
pudessem se beneficiar nas nossas custas, ganhando muito dinheiro, com obras
superfaturadas. E essa relação só é possível, por que estas empresas bilionárias
aplicavam bilhões, de forma distribuída, na campanha de candidatos da Velha Política. E
aí, dívida é dívida né? Quem “vende a alma ao diabo” não tem como voltar atrás (risos).
Neste sentido, entendo a chamada “Minirreforma eleitoral” como um importante
avanço ao nosso Sistema Político. Lembrando que tudo está conectado. Lembram de
2013 e o “capítulo 2” deste livro? Mesmo sendo uma “Mini”, esta reforma só foi possível
por que o congresso precisava dar uma resposta à sociedade de que alguma mudança
23
estava sendo feita. Por pequena que tenha sido, se formos expertos e este livro – Se
Deus quiser – lido por muitos brasileiros, faremos com que eles percebam que deram “um
tiro no pé” ao aprovar esta lei.
Para piorar a situação à Velha Política, surgiu o fenômeno “Candidatos de Redes
Sociais” com propostas e discursos muito refrigerados, com trabalho completamente
diferente do realizado por aqueles, trazendo os “germes da Nova Política”. Discurso este
que encantou muitos eleitores e portanto, muitos destes, foram eleitos em 2018. E espero
que este fenômeno das Redes Sociais tenha vindo para ficar…
Contudo, como todos estes eventos podem se conectar ao processo eleitoral de
2020 onde serão eleitos vereadores e prefeitos?
Candidatos que se propõe serem Nova Política, merecedores de nosso voto,
precisam pensar em formas éticas, ambientalmente plausíveis – campanhas limpas – e
baratas. Quem apostar no jogo das campanhas caras, ainda, está se posicionando! E não
é com a “Nova Política”, mas sim, a “Velha Política”. É como se estivessem no “Vale tudo
para ganhar”, como sempre estiveram. Mas este jogo precisa ter seu fim. E espero que
você, caro leitor, ajude a dar cabo a tudo isso que o povo brasileiro não aguenta mais: a
política tal como é (ou seria foi? Um toque de otimismo – risos).
Pois bem, a nossa “Ferramenta de Número 3” (FN3) é apostar em candidatos
criativos, refrigerados, que estão preocupados em fazer uma campanha limpa e barata,
fazendo bom uso das Redes Sociais. Do boca-a-boca, apostando no porta-a-porta
explicando suas propostas, sem medo do eleitor, pois quem não deve, não teme, não é
verdade? Chamaremos a FN3 de “Campanhas Limpas e Baratas”.
Portanto, se você notar altas expressões na rua: enorme contratação de
panfleteiros, bandeireiros, Trio-Elétricos ou Picapes com candidatos falando em microfone,
Presidentes de Associação de bairro, entre outros artifícios que, notadamente demonstra
gastos expressivos deste candidato, elimine-o da sua lista de candidatos. Continue
pesquisando. Procure outro. Por que este certamente vai ganhar e vai te decepcionar.
Afinal, como eu disse, ninguém gasta muito dinheiro em uma campanha sem fazer usos
ilícitos depois para recuperar esse dinheiro. Muito cuidado com os candidatos gastadores
de campanha!
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CAPÍTULO 5
SER POLÍTICO E EMPRESÁRIO É POSSÍVEL?
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um
e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não
podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mateus 6:24, Bíblia Sagrada)
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Caro leitor, não quero que me interprete aqui engajado em conflitos com a religião,
por mais que, ao longo do livro, possa parecer existir um “pé atrás” com políticos
evangélicos. Mas não é nada disso. Terei espaço para explanar isso de forma mais
didática e clara no próximo capítulo. Mas sem dúvidas, essa passagem bíblica “cai como
uma uva” a este capítulo. Quase que resume ele. Só não resume por que o assunto
precisa de maiores detalhes e explicações. Comecemos com uma analogia.
Sou espiritualista, tenho fé em seres de luz e Jesus, assim como em Deus. Não
pensem que com essa analogia estou brincando com a fé de ninguém, por favor! Apenas,
creio, ser uma analogia interessantíssima, um tanto quanto inteligente, eu diria. Vamos lá.
Imagine que Jesus voltasse, mas não como está no apocalipse, resolvesse entrar na
política para tentar consertar isso que muitas vezes nos parece inconsertável. Mas ainda
bem que só nos parece, pois sou otimista e acredito na mudança, no conserto do Sistema
Político! E claro que é uma alusão utópica, pois o Mestre Jesus, jamais entraria nessa,
uma vez que seus propósitos, sua mensagem, seu amor estão anos luz de qualquer
participação ativa em coisas ou algo propriamente humano. Problemas em que nós
humanos, seres imperfeitos, precisamos resolver por nós mesmos….Então,
Continuemos…
Então Jesus decidiu entrar para política! Claro, e obviamente, que ele seria eleito.
Contudo, com sua humildade, amor e princípios filosóficos espirituais, começaria por
baixo. Começaria não como candidato a presidente, mas sim, como candidato a vereador
de uma cidade que precisa muito de sua ajuda. A Cidade de “Demo-Infernal” (nome
fictício, claro). Creio que ao ser eleito, ele começaria a mudar muitas coisas. Seu primeiro
incômodo, seria com o decoro parlamentar (pesquisem mais sobre o quê é isso). Entre as
regras do decoro, temos a obrigação de ir de terno às sessões plenárias na casa do poder
legislativo: as câmaras municipais. Ele brigaria urgentemente para acabar com isso. E
mais, é claro que negaria todos os auxílios que são absurdos, sem necessidade, visto que
o salário dos vereadores já dá para arcar com todas as despesas necessárias ao
exercício de seu mandato. Esse provavelmente seria um de seus primeiros atos. Um
outro ato que iria incomodá-lo muito é a distância entre o político e a população. Ele
ficaria chocado com isso e provavelmente criaria mecanismos de ficar o mais próximo do
eleitor, possível. Ainda sobre o decoro parlamentar, creio que ele teria muita dificuldade de
se comportar ao microfone. Deixando, muitas vezes, de cumprir a regra de tratar com
formalidades e respeito a todos os atos dos seus colegas vereadores o quê, em tese,
poderia gerar sua cassação como vereador, em conselho de ética. Isso pouco provável a
26
nível local, municipal, mas vem sendo comum a nível nacional, como na Câmara Federal
( dos Deputados Federais). A liberdade de expressão e pensamento para Jesus seria algo
crucial! Ele não abriria mão de fazer isso! Por que ele é Jesus, ele não faz algo para
agradar ou medo de perder o cargo, mas o quê seu coração e Deus quer. Não é verdade?
Continuemos…
Ele provavelmente atacaria a forma com quê são votados alguns projetos de Lei
que, em sua grande maioria, negociados, alguns, mediante até repasses de dinheiro.
Dinheiro esse que vem dos empresários, repassado aos prefeitos, e estes compram os
vereadores para votarem favoravelmente, mesmo sendo um projeto que prejudicaria as
pessoas a curto, médio e longo prazo. Como está acontecendo na minha cidade,
Contagem-MG. Não posso provar que aconteceram estes repasses, mas a lógica diz que
sim. Pois, não faz sentido os vereadores terem aprovado o Projeto de Lei 019/2019 –
Nova Lei de Uso e Ocupação do Solo – onde foram feitas várias Audiências Públicas para
debater o tema e, por meio de muito debate, contribuição de pesquisadores e estudiosos
do assunto, chegar a conclusão que se aprovado a vida útil do Reservatório Várzea das
Flores (uma espécie de Bacia Hidrográfica) de possíveis 70 anos para 22 anos, uma
média. Só dinheiro e acordos espúrios pode explicar isso, não há outra coisa que explique.
Com isso (novamente os empresários) investidores, especuladores, construtoras iriam se
beneficiar e muito podendo ocupar áreas que deveriam ser protegidas, mas vão se tornar
empreendimentos da construção civil: prédios, casas, prédios e mais prédios….
Enfim, como o Foco não é Analisar “Jesus como Vereador”, vamos retomar ao
tema do capítulo. Mas, como puderam notar, Jesus chegaria transformando o modus
operandi
ou a prática da política tradicional (Velha Política) daquele espaço, do qual
incomodaria muito. Não seria, desta vez crucificado, mas provavelmente muito mal falado
nos jornais locais (comprados), nos diversos veículos de comunicação que tivessem rabo
preso com as elites locais, além de possíveis tentativas de cassar o seu mandato. Ao
Contrário da sua história bíblia, em que os Romanos o condenaram e o mataram em
carne, desta vez, matá-lo-iam vivo. Tirar seu respeito, até que pessoas pensassem que
ele não é tão sagrado assim. Este, talvez, seria o seu provável destino. Por este motivo,
me preocupa muito a participação de empresários na política, seja de forma Direta, se
candidatando, ou indireta, como assistimos na “Lava Jato” e vários outros casos de
corrupção no país.
Nas eleições de 2016 assistimos o fenômeno de empresários, um aumento
considerável, de candidatura e vitória dos mesmos. No entanto, a maioria deles
27
decepcionou o povo e estão fazendo gestões em seus governos ainda piores do que seus
antecessores. São exemplos claros disso em Contagem e Nova Lima, MG; São Paulo e
Suzano-SP; Caxias do Sul-RS, São Luís-MA e tantas outras cidades no Brasil à fora.
Neste sentido, será que devemos mesmo nos aventurar a dar nosso voto a
empresários candidatos a vereador? Será que essa relação “empresarial = política”
funciona ou já funcionou em nosso país? A História certamente mostra que não!
Isto, por que diferente do fictício “Jesus Vereador”, que tem interesses mais
humanitários, solidários, de amor ao povo e não ao dinheiro, os interesses dos
empresários são exatamente o oposto: amor ao dinheiro e pouco importa a situação
miserável do povo. Até por que o paradigma ou visão que ronda em suas mentes é:
“Beneficies, bem-estar socioeconômico é uma conquista individual, mérito. Quem está em
situação de vulnerabilidade é por que não possuí os requisitos, mérito, e nem quer sair
dessa vida”. Claro que estou fazendo uma análise “sociológica”, de generalização, podem
ocorrer casos muito raros em que uma pessoa, mesmo sendo empresário, tenha muito
desejo de ajudar outras pessoas. Fazer política séria. Mas isto é 1 em um milhão! Sendo
assim, você vai arriscar? Pois, para mim, é como ganhar em jogos da loteria federal,
encontrar um político empresário que queira mesmo olhar os interesses coletivos antes
dos interesses particulares, afinal, a própria filosofia de vida deles, enquanto empresários,
são os interesses particulares, ou seja, negócios e lucros em seus empreendimentos.
Por este motivo, nossa quarta ferramenta, a Ferramenta de Número 4 (FN4) será a
seguinte: “Priorize o seu voto em trabalhadores em detrimento a candidatos”. Pois os
riscos são inúmeros e o país urge por mudanças, elas são urgentes e com este livro e
suas ferramentas, se bem aplicadas, certamente conseguiremos! Por isso, continuemos a
leitura, avante ao “Voto Consciente”!!
28
CAPÍTULO 6
POLITICO: CARGOS E FUNÇÕES ANTERIORES
A política local é a mais suja e disfarçada possível. Se não abrirmos os olhos,
dificilmente, se renova, de fato, uma determinada câmara dos vereadores. Por que o jogo
de interesses é muito grande. As variáveis são inúmeras. E se tornam complexas já que
para a maioria da população muito dos nomes e situações de politicagem de alguns
atores não são publicizados, pois não temos um “Jornal da Globo – Nacional” ou “Jornal
da Record – Nacional” com grandes repórteres, com matérias qualitativas, interessadas
em mostrar o quê acontece nos municípios. Geralmente, temos jornais locais, muito mal
produzidos, vinculados a interesses locais (comprados) e pouco informativos. Por isso, as
redes sociais e a participação da população são fundamentais neste processo de
democratização e implementação da Nova Política nas câmaras municipais dos diversos
municípios do país.
Dito isso: quando você pega o “Santinho” do Candidato, ou mesmo sua pré-
campanha, já que a atual legislação permite que eles se apresentem previamente, sem
que possam pedir o voto; você se pergunta a respeito do candidato? Faz
29
questionamentos? Não se trata de ignorar, como alguns fazem. O simples ato de ignorar
todo e qualquer candidato que lhe é apresentado empobrece a democracia. Faz com que
esse jogo da Velha Política se perpetue. Se trata de pegar, levar para casa e analisar.
Pesquisar. Questionar. A pergunta é: será que você sabe como realizar esta operação?
Visto os resultados eleitorais e a insatisfação com a maioria dos vereadores em todo o
Brasil eu arriscaria em dizer que a resposta é “NÃO”.
Por este motivo este livro cai como uma luva. Pois ele ilustra ferramentas práticas,
mas ao mesmo tempo, exerce seu papel educativo em fazer com que você leitor, eleitor,
use a “cuca”. Passe a refletir sobre candidatos e o processo eleitoral, como um todo. É
preciso se perguntar o quê por trás da biografia, do Santinho, com o candidato bem
produzido, em termos de “Fotografia-Imagem”, existe de REAL neste material. E essa
busca, caros leitores, tenho de confessar, não é nada fácil. Pegando emprestado o
pensamento do Intelectual Michel Foucault, seria como buscar uma fresta de luz na
escuridão. A boa notícia é que isso é totalmente possível, se tiver alguma paciência em
realizar o quê chamamos de “Engenharia Social”, vasculhar a vida dos candidatos, ou
mesmo seu predileto, nas redes sociais, portais institucionais (da prefeitura ou do
Governo do seu Estado), google e etc…Então vamos ao trabalho.
Supondo que você tenha recebido o santinho do “candidato José”. O primeiro
Passo é verificar a biografia do candidato que se encontra em seu material de campanha
ou pré-campanha. Nela poderão existir algumas informações importantes tais como: a)
sua grau de escolaridade; b) bairros em que teve alguma atuação política; c) funções,
cargos públicos, cargos de diretor em ONG’s ou Associações de Bairro e atuações
políticas em que esteve envolvido; d) suas principais bandeiras (educação, saúde,
segurança pública e etc…). Caso ele tenha deixado as informações do item “c”, pesquise
bem este item. Verifique se as atuações em que ele esteve envolvido, primeiramente, fere
alguma das ferramentas ensinadas até aqui – a exemplo das corrupções em ONG’s e
Associações de Bairro. E na dúvida, elimine-o, uma vez que a probabilidade de
envolvimentos ilícitos ao dirigir estas instituições são grandes! Quanto a ocupação de
cargo público, e neste caso, é o que interessa a este capítulo, verifique se ele ocupou o
chamado cargo público comissionado ou de confiança que é aquele cargo indicado ou de
livre nomeação pelo prefeito. Neste caso, pensemos: você concorda com a atual gestão
do seu prefeito? Se sim, verifique se o trabalho dele foi produtivo no cargo que ocupou
neste Governo. Se não, sugiro que elimine-o como seu possível candidato, visto que se
ele tivesse responsabilidade com o município e os cidadãos ( você ) ele teria a coerência
30
de pedir exoneração ou mesmo, nem ter feito parte do Governo, por divergências políticas,
de opinião ou mesmo ideológica.
Segundo Passo, Caso estas informações não estejam claras no “santinho” – pois
ele pode ser muito bem um candidato malandro e com este receio, optou por não colocá-
la – aí começa o trabalho de “Engenharia Social”. Este trabalho é muito parecido com
parte do trabalho de hacker’s quando querem saber informações pessoais de alguém.
Parece ser complicado, mas nem tanto. Com um pouquinho de prática todos vocês
podem conseguir. Pegue o nome e sobrenome do candidato e acesse suas redes sociais.
Acesse informações, nas redes sociais, do seu atual prefeito. Veja se tem fotos, textos,
informações cruciais sobre este candidato vinculado aos atuais vereadores e ao prefeito.
Se encontrar algo que seja suspeito, melhor ignorá-lo como sua opção, afinal, para
vereadores temos inúmeras alternativas (risos). Ainda nesta busca, verifique no portal da
prefeitura – Portal da Transparência – se o nome dele estava lá, com cargos no Governo
em algum momento, no período de 2017-2020 (período anterior às eleições de 2020).
Caso esteja, é aquilo que disse, seria coerente você votar neste candidato sendo que ele
não assumiu postura ética frente ao desgoverno que seu prefeito produziu em sua cidade?
Creio que não seria. Por isso é preciso eliminá-lo e não votar no mesmo. Ainda nesta
busca, neste engenhoso trabalho de pesquisa, procure saber se ele já atuou como
dirigente de ONG ou de Associação de Bairro. Esta busca é mais complicada, já que se
ele não quis informar ao eleitor de sua participação à mesma, só é possível descobrir em
cartórios de registros. Então, ainda usando uma das habilidades da “Engenharia Social”,
pergunte ao mesmo, ou pessoas ligadas ao candidato, esta informação. Evidentemente,
no cenário político atual, ainda de domínio da Velha Política, ele lhe contar com todo
orgulho a sua informação. Achando que será vantajoso, um ponto a mais, em sua
empreitada ou aspiração a uma cadeira como vereador. Contudo, pelos conhecimentos e
ferramentas adquiridas até aqui sabemos que isso tende, na verdade, a pesar contra ele
(risos). Desta forma, será fácil descobrir esta informação também.
Portanto, a Ferramenta de número 5 (FN5) é o “Cuidado com a Velha Política”.
Ficou denominado assim, mas poderia se chamar de “Cuidado com candidatos que
ocuparam cargos públicos no passado, cargos de direção em Associações de Bairro e
ONG’s”. Pois, estes, lamentavelmente, deturpando os verdadeiros ideias destas entidades
que nasceram para contribuir com a sociedade, vêm fazendo muito mal uso das mesmas
e ludibriando a sociedade da real necessidade que é eliminar atores dessa Velha Política,
candidatos que vêm fazendo uso destes recursos ilícitos, se não ilícitos não éticos, em
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detrimento a candidatos da Nova Política que estão despontando como novidade, novas
ideias, novos paradigmas e desejo de contrapor a todo esse jogo sujo preestabelecido,
mas que com muito otimismo, penso que estamos em uma fase de transição. Uma
transição rumo a um país melhor em que a mudança começa debaixo para cima, dos
municípios – prefeitos e vereadores – para aí sim, posteriormente, em 2022 podermos
eleger Deputados e Senadores melhores, na perspectiva do poder Legislativo.
CAPÍTULO 7
O POLÍTICO E A RELIGIÃO
“o Reino dos Céus está Dentro de Vós” ( Lucas 17: 20-21)
A necessidade de que os homens professem fé a Deus é antiga. Começa, mesmo,
com os denominados “primatas”, nossos ancestrais conhecidos como Homo Sapiens. A
raça humana, atormentada pelo medo da morte, das doenças, das perdas dos entes
queridos ou mesmo da fome, sempre viu inspiração para ganhar forças em uma força
maior, uma centelha divina, algo que pudesse dar sentido as suas vidas.
Passado alguns milhares de anos, o homem – que por essência é um animal
política, como disse o pensador da Grécia Antiga Aristóteles – se viu imbuído em
organizações sociais cada vez mais rígidas, governados por imperadores, aristocratas,
monarcas e até mesmo, durante a idade média, o Papa. Nascem as Religiões, sendo a
mais poderosa e predominante até hoje, no mundo ocidental, o Cristianismo. Durante
quase 1500 anos sob a égide da igreja católica, do Papado, que não só ordenava quais
eram os valores morais e práticas sociais a que seus fiéis deveriam seguir, mas também,
traçavam a política de uma época.
No entanto, no século XVI, nasce a Reforma Protestante, grupo religioso a que
chamamos nos dias atuais de “Evangélicos” ou “Crentes”. Seu principal líder naquela
32
época, sem dúvidas, foi Martinho Lutero, na região a que hoje chamamos de Alemanha,
apesar de terem existido vários outros líderes fora desta região, como João Calvino, na
Suíça. Novamente, assistimos o atrelamento do Poder, da Política e da Religião, porém
agora de forma relativamente indireta, pois os líderes religiosos estavam atrelados a
monarcas, Reis, que não queriam a presença ou influência católica em seus territórios.
Estava nascendo os meandros a que estamos submergidos enquanto sistema político até
os dias atuais: o Atrelamento do Estado e da Religião como elos interligados, um dando
alimento e vigor ao outro.
Nos dias atuais, século XXI, no Brasil, assistimos a presença da bancada
evangélica no congresso nacional cada vez aumentar. E, lamentavelmente, trazendo
bandeiras conservadoras que prejudicam a população usando, muitas vezes, passagens
bíblicas, discursos religiosos, para subsidiarem suas defesas. Não é novidade a ninguém
que a bancada Evangélica é atrelada às chamadas “bancada da Bala” e “bancada do
Agronegócio”. Ambas bancas muito conservadoras e que pouco ou nada realizam de
concreto a favor do povo. Apenas discurso, por exemplo, de que o agronegócio é positivo
pois vai gerar empregos. Além de ser uma promessa, pois estamos assistindo índices de
desemprego altíssimos sob uma forte crise econômica no país, não oferecem uma
promessa humanizada, de conferir dignidade aos mais pobres, poderíamos associá-la à
visão cristã, pois vai de mão ao “Combate às desigualdades Sociais”, por exemplo. Outra
coisa, eu vos pergunto caro leitor: “Qual a relação da palavra de Cristo com uma agenda
armamentista
? Ao meu, ver nenhuma. Pois tudo que vejo nos ensinamentos bíblicos
acerca de Jesus é Sabedoria, Paz e Amor. Por mais que os Fariseus tinham muito
interesse em conflito armado contra os Romanos, Jesus foi absolutamente contra,
mostrando que o caminho para vitória não estava, talvez, no mundo externo, mas no
interno, quando diz: “O Reino dos Céus está Dentro de Vós”. Por isso, amai-vos, ama teu
inimigo como a ti mesmo, não é isso a mensagem sagrada ou estou enganado? Além
disso, a chamada “Bancada do BBB (Boi, Bíblia e Bala)” são tímidos, frente a governos
populares, como foram durante o Governo Lula, mas ferozes a Governos ferozes e
impopulares, que tendem a cair, como aconteceu com a ex-presidente Dilma. Ou seja,
são fisiologistas tal qual, muito parecido, com os políticos do MDB (antigo PMDB). Que
entra governo, sai governo, são aliados, com fins a cargos e espaços políticos. Portanto,
toda luta no séc. XVI pelos protestantes convictos, como Martinho Lutero, que escreveu
suas “95 teses”, ou pontos, de crítica à Igreja Católica e ao Papa, como a Usura,
Prevaricação religiosa (chamavam de “esposas espirituais”), a venda de relíquias e
etc…foi por água abaixo. Politicamente, os PROTESTANTES SE TORNARAM A IGREJA
33
CATÓLICA DA IDADE MÉDIA. Mas sem os recursos de julgamentos de pena de Morte,
mas agem com o terror religioso por outros meios, como podemos perceber ao estudar
suas práticas, caros leitores! Um bom exemplo é a chamada “Cura Gay”, projeto
apresentado pelo Deputado e Pastor Marco Feliciano que não tem outro fim a não ser
coagir as minorias de orientação sexual diferente: os “homoafetivos” ou LGBT’s.
Pesquisem mais e verão outras inúmeras medidas tomadas no Congresso Nacional
neste sentido pela bancada evangélica. E detalhe: Estamos falando de 1/3 dos deputados
federais, cerca de 190 deputados! Uma enorme representativa e capacidade de comando
no país.
Pois bem, voltando aos municípios, algumas coisas têm de relação com isso tudo
que foi dito. Contudo, como tudo que acontece na política local, também tem suas
singularidades, peculiaridades (risos). Vamos a elas então!
Na maior parte dos municípios, em que estudei e pesquisei sobre o exercício
destes políticos na câmara, incluindo o meu, pode-se notar que vários líderes religiosos,
especialmente pastores, durante a campanha, fazem uso “coercitivo-religioso” nas
campanhas, não pela força, mas pela PALAVRA. Fazem com que os fiéis da igreja sejam
os mais alienados possíveis politicamente e, portanto, não terão acesso ou curiosidade
em outros candidatos. Fazem discurso de que Cristão Vota em Cristão, Irmão em Irmão,
Membro da Igreja em Membro da Igreja! Além disso, fazem discursos em púlpitos dentro
da igreja (hoje proibido por lei, mas acredite: muitos irão continuar a fazê-los) bem
conservador e parecido com os discursos da bancada evangélica no congresso nacional.
Porém quando ganham….a conversa muda muito (risos).
Estando eles no parlamento, logo se aproximam do prefeito, de vez em nunca, são
oposição. Fazem os acordos de cargo político e possibilidades de votarem em projetos de
interesse do prefeito a troco de dinheiro ou outras vantagens. Raramente fazem uso da
palavra, mas quando a fazem, são para elogiar alguém ou projeto do prefeito ou colega
vereador. Lá dentro, para eles, não existe a chamada “bancada evangélica”, lá dentro se
tornam mais um membro da Velha Política em busca de vantagens pessoais.
Por outro lado, quando não são candidatos, mas optam por apoiar alguém, em
detrimento a interesses, geralmente fazem acordos espúrios, a troco de dinheiro, com
discurso de que tal candidato vai reformar a igreja, ou investir em um projeto social da
igreja, por exemplo. O quê também é terrível à democracia, pois sabemos que se eleito,
tal candidato não irá representar a população e lutar pelas mudanças e melhorias em seu
município.
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Portanto, não seria melhor, como fazem os espíritas (especialmente os
kardencistas) a separação Total entre Política e Religião? Já ouviu falar de membro
dirigente de um Centro Espírita candidato? Duvido muito. Eles têm como base ética e
filosófica não se envolverem, ao menos, não diretamente. O quê acho muito prudente! E
veja bem, Não é que eu, supondo que eu fosse vereado, não possa ter crença religiosa
ou espiritual. Muito pelo contrário, como disse no início deste capítulo, a necessidade em
buscar Deus é inerente ao ser humano. Acontece que, para a coerência do exercício na
busca do Reino dos Céus que é interna (Existencial) e o exercício político (que é
completamente externo) podem ser prejudiciais. Um, pode corromper o outro. Daí a
enorme necessidade de saber separar as duas coisas para que ambas possam caminhas
lado a lado, mas sem destruir ou corromper um ao outro!
Portanto, a nossa ferramenta de número 6 (FN6) é crucial para a mudança política,
pois é a “Separação da Religião e Política”. Para que possamos ser mais coerentes,
convictos e concretos espiritualmente em nosso voto. Para que não sejamos hipócritas,
como os fariseus, deixando de apregoar de fato os ensinamentos de Cristo, precisamos,
urgentemente, criar esta separação. Espero que possa ter sido entendido sem ofender a
crença de ninguém, caro leitor! Sigamos em frente!
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CAPÍTULO 8
O POLÍTICO E SUA FORMAÇÃO POLÍTICA
“Instrua-se, porque necessitaremos de toda a sua inteligência. Atue,
porque necessitaremos de todo o seu entusiasmo. Organize-se,
porque necessitaremos de toda a sua força” (Antonio Gramsci)
Este capítulo é o quê mais gosto e acho de grande importância na escolha do
candidato. Apesar de que esta ferramenta sozinha não contribuí na escolha do candidato
ideal. É possível ter uma excelente formação política, acadêmica e etc….e no final ser
muito corrupto. Contudo, as ferramentas expostas anteriormente, sem esta, pode causar
a vitória de um candidato correto, honesto, mas sem saber como realizar um bom trabalho
para a sociedade. Daí a importância fundamental deste capítulo.
Antonio Gramsci, foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário, político e
encarcerado (preso político – creio que isso também conta) italiano, que viveu até 1937,
muito importante para o pensamento político. Entre seus vários escritos, pensamentos e
conceitos, ousou descrever o conceito do Intelectual Orgânico. Seria a ideia de um
militante político que conhece bem as coisas de perto, na vivência, na pele, mas não abre
mão dos livros, procura conhecer e se envolver bastante com a teoria também. Tenho
para mim que este é um indivíduo completo politicamente! Por isso fiz questão de citar
uma de suas frases na abertura deste capítulo.
Trazendo esta ideia para nosso objetivo, as eleições de 2020, focada no poder
legislativo, como poderíamos classificar o político inadequado ao seu voto mediante o
conceito de Intelectual Orgânico de Gramsci? Vamos a alguns exemplos.
Já ouviram falar do “José das Couve”? É um codinome pejorativo muito usado no
meio político para denominar aquele candidato que não enxerga outra coisa se não a
suposta “caridade”, doando cestas básicas, montando sacolão popular e dando frutas
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gratuitamente durante a eleição, fazendo eventos festivos em datas comemorativas
dentro de nossa cultura, como o dia das crianças e o natal. Muitos até se vestem de papai
noel e vão ao encontro das crianças para entregá-las presentes (risos). Acredita mesmo
que este tipo de candidato possa fazer um bom mandato? A história prova que não.
Peguem o histórico dos ex-vereadores de sua câmara municipal e verão que condiz com
a realidade. Inclusive, o vereador José Antônio do PT, da minha cidade, de Contagem-MG,
que citei no início do livro, pratica muito destas práticas. Certa vez ele ousou fazer algo
inovador neste ramo da Velha Política (risos). Ainda durante a campanha, vestiu-se de
papai noel e alugou um helicóptero para impressionar a comunidade onde mora e
arrecadou muitos votos na eleição que foi eleito. Conseguem visualizar e acreditar? Pois
é…Poderia ser cômico se não fosse trágico. E estamos falando de um atual vereador, em
seu segundo mandato, considerado pelas pessoas que acompanham a política como o
pior vereador da câmara. Considerado por mim também (risos). Por isso, corram do “Zé
das Couve” igual ao “capeta que corre da cruz”!
Por outro lado, temos aqueles candidatos que têm fluência orgânica, mas lhes falta
intelectualidade. Como candidatos sindicalistas, por exemplo. Muitos têm larga
experiência, poderiam ser excelentes vereadores, mas em grande parte dos mesmos,
faltam-lhes formação acadêmica e/ou bagagem teórica sobre política, como é o caso do
ex-presidente Lula a nível nacional. Municipalmente existem eles também. Basta que
pesquisem e verão que muitos se colocam como candidatos inseridos em conselhos
locais, como o conselho de saúde, educação e tutelar; militante das redes sociais (os
famosos “denunciadores-fiscais”), ex-militantes de sindicatos, movimentos estudantis,
movimentos LGBT’s, Movimentos de Mulheres e etc…na ausência de um intelectual
orgânico, opte por este. Como última opção, é claro.
Também temos aqueles que nunca participaram da vida ativa na política, ou muito
pouco, vieram dessa nova “Onda do Pós-2013”, estão ainda aprendendo muito da
vivência política na prática, mas têm excelentes formações acadêmicas. Alguns com
graduações, pós-graduações e etc…Inclusive formados em cursos muito interligados ao
exercício do mandato como vereador, tais como: Direito e a Gestão Pública. Porém, se
não tiverem vivência, podem se tornar uma “Dilma” no poder. Talvez tenham boas
intenções mas vão ficar os 4 anos de mandato para aprender como funciona o jogo
político e por meio dele traduzir melhores resultados ao povo, com brigas estratégicas e
fortuitas. Acho que a vez destes chegaram, mas não estão preparados ainda para 2020. É
uma opinião. Afinal, vocês apostariam suas vidas a um médico-cirurgião recém formado
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na residência, em uma cirurgia de alta periculosidade e grau de risco de morte? Acredito
que se souberem que ele é novato, não!
No entanto, caso existir em sua cidade e espero que sim, o candidato ideal, ele
seria o que consegue mesclar os dois últimos parágrafos: A Prática à Teoria, ou seja, o
Intelectual Orgânico. Aquele que consegue unificar tanto a experiência política e realidade
dos processos políticos de sua cidade a uma bagagem de estudos acadêmicos. Claro, um
que não fira as ferramentas apresentadas “FN1 à FN6”, pois só assim esta ferramenta
terá sentido e completude, a ferramenta de número 7 (FN7).
Portanto, a “FN7” seria: “Vote em Candidatos Intelectuais Orgânicos”. Na ausência
deles, tente escolher um que chegue mais próximo disso, pois de fato, eles são raros a
nível municipal, lamentavelmente. Mas espero que consigam associar ao máximo a
realidade dos candidatos apresentados em seu município a esta ferramenta! E que com o
uso dela, somado as outras, possam fazer grandes mudanças na câmara dos vereadores
de sua cidade, passando assim, o início de um novo Brasil! Um Brasil em que a mudança
começou de baixo, pois de cima, ela jamais irá iniciar…
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CAPÍTULO 9
POLÍTICOS E PARTIDOS: A CONTA FECHA?
Este talvez seja o capítulo mais difícil: tanto para eu escrever, quanto para vocês
lerem (risos). Bem, vamos a explicação dessa frase “solta”. Em primeiro lugar, este tema,
por si só, poderia ser um livro, como de fato ele é, em diversas obras de autores, inclusive,
acadêmicos. Em segundo lugar, é bem provável que tenham percebido que em momento
algum o meu interesse foi transformar esta obra em um livro acadêmico. Muito pelo
contrário. Quanto mais fácil, dentro do possível, de compreendê-lo, mais sinto ter
alcançado o meu objetivo. Contudo, com este tema não será tão simples. Simplificar ele é
uma tarefa árdua, pois envolve até “um pouco de matemática”. Mas vamos lá. Desafio
lançado para ambos: autor e leitor!
O Brasil conta hoje com 75 partidos políticos em processo de formação, sendo que
35 já estão registrados! É coisa pra caramba! Não é verdade? Contudo, conhecendo o
jogo político como eu conheço, me pergunto se a redução dos mesmos seria bom para a
democracia, uma vez que engessaria ainda mais o sistema político, centralizando-o a
“Caciques” da Velha Política. Com a redução, claramente, partidos como PT, PMDB,
PSDB, PSL entre outros tomariam a frente do processo e com certeza iriam travar o
processo de mudança política em decorrência no país, a troca de candidatos eleitos da
“Velha Política” pelos que estão chegando, “Nova Política”. Portanto, se por um lado é
preocupante o número excessivo de partidos, por outro, é bem provável que seria
comprado um certo “silêncio” a esta onda mudanças que estamos vivenciando. Um
dilema ainda sem resposta. Contudo, existem 35 partidos ainda – mesmo que muitos
estejam brigando para a redução – então vamos trabalhar em cima dessa perspectiva
factual.
Primeiro vamos a algumas questões de compreensão dos partidos políticos, antes
de falarmos de números. É preciso compreender, em primeiro lugar, que Toda a sombra
“partidária-ideológica” que existe a nível nacional não existe a nível municipal! Isto mesmo!
Ficou chocado? Bom, eu fiquei, quando percebi isso há alguns anos. Talvez não tenha
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ficado chocado ainda por que não fomos aos exemplos. Mas é preciso ficar claro que toda
a onda ideológica que rondam os partidos a nível nacional, sejam eles de esquerda,
direita, centro e etc…a nível municipal, especialmente em municípios pequenos, se esvai
por água abaixo.
Comece a observar. Os vereadores do PT, por exemplo, que são muitos e é um
partido que se coloca como esquerda a nível nacional, se comportam de forma discursiva,
ideológica e relativamente coerente conforme os seus pares no congresso nacional?
Provavelmente a sua resposta vai ser não! PT e PSDB, nacionalmente falando, tinham
propostas e embates fervorosos até pouco tempo, antes do PSL “chegar-chegando”. No
entanto, estes embates, são raras as câmaras dos vereadores, como a de Belo Horizonte,
capital de Minas Gerais, que pude presenciar tais embates. Ademais, muitos destes
vereadores se comportam como amigos, sem duelo, sem disputa, sem quase nenhum
enfrentamento. Com muita raridade encontramos câmaras municipais que têm
parlamentares trabalhando sobre o reflexo das discussões e embates nacionais. Ou seja,
esqueçam partidos políticos quando o assunto ser eleições municipais ou irão se frustrar
bastante! Aliás, esqueçam este quesito: “Partidário-Ideológico”. Pois, existe outro quesito
do qual, infelizmente, a maioria dos brasileiros não fazem ideia dele e que, este sim, é
importantíssimo.
Lembrando capítulos anteriores, falamos um pouco da chamada “Minireforma
Eleitoral”. Ela implicou mudanças neste quesito que falaremos e, eu diria, cruciais! Se os
partidos com um eleitor consciente souber usar esta mudança, destruímos o sistema
político da Velha Política. Ou pelo menos vamos deixar ele bem “trincado” (risos). Antes
de 2015, tínhamos a chamada “Coligação Proporcional”. Que bicho é este? Vamos
explicar. Mas primeiro, vamos conhecer um pouco da matemática por trás do sistema
eleitoral. Peguemos a minha cidade como exemplo, depois, façam o mesmo para a
cidade de vocês.
Contagem, Minas Gerais, tem hoje 21 vereadores. O número de habitantes está
beirando a 800.000 habitantes e a previsão para 2020 é que cheguemos a 450.000
eleitores. Sabendo disso, agora podemos calcular quantos votos é preciso para cada
Coligação fazer uma cadeira, fazer um vereador, na câmara municipal. Se dividirmos
450.000 eleitores por 21 (que é o número de cadeiras ou cargos que existem para
vereadores na cidade), Então estamos falando que cada Coligação precisa fazer no
mínimo 21.000 votos para obter sua primeira cadeira. Entenda por Coligação, neste caso,
como sinônimo de Partido e que é chamado no meio político de “Chapa”. Por que
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podemos associar como sinônimos Coligação e Partido Político? Graças a Minirreforma
eleitoral. Vamos entender como era antes que vocês entenderam melhor como foi
benéfico estas mudanças, ao meu ver.
Primeiramente, é importante saber, que em Contagem, cada Coligação permite ter
apenas 32 candidatos. Isto varia de cidade para cidade. É uma matemática dinâmica
(procure saber como funciona em sua cidade, pesquise mais com outras pessoas ou
aprende a fazer o cálculo, o TSE – Tribunal Superior Eleitoral – Possuí manuais
explicando como funciona). Dito isto, vou dar um exemplo real, aconteceu em 2016, mas
sem citar nomes. Vamos supor que José fosse pré-candidato pelo PSC (Partido Social
Cristão). E que esta chapa, tivesse, próximo da data limite de filiação7, 21 pré-candidatos.
Logo, mesmo podendo ter 32 candidatos, ele teria apenas 21. Quais os malefícios disso?
Lembram que para fazer uma cadeira, em 2020, será preciso 21.000 votos? Estamos
falando então que para um destes pré-candidatos (futuros candidatos) poderem ser
vereador por este partido, precisão fazer uma média de 1.000 votos cada um, o quê é
muito difícil. Portanto, antes de 2015 era muito comum que um partido como o PSC, como
aconteceu esta experiência que estou relatando, na última hora, nos 45 minutos do
segundo tempo do jogo, Coligar com outro partido – muitas vezes na “surdina”, sem
comunicação democrática aos pré-candidatos – e Fazer um “acerto de contas” com outro
partido. Neste exemplo, aconteceu o seguinte: O PSC possuía 21 pré-candidatos,
enquanto o PMDB (Partido da Mobilização Democrática do Brasil) – com a atual sigla
MDB – tinha entorno de 22 candidatos. Fizeram uma manobra favorável ao PMDB, visto
que os boatos na época eram que este partido havia comprado a direção partidária do
PSC para compor tal coligação. Portanto, somaram os 22 candidatos do PMDB com
apenas 11 candidatos do PSC, tendo que excluir do processo eleitoral 10 candidatos,
sendo um destes 10 pré-candidatos este autor que lhes professa tal história (risos). E
fizeram isto em último momento, após as convenções partidárias, modificaram os nomes
na ATA e fizeram o registro impositivo, autoritário, naquela ocasião. E este tipo de jogada,
geralmente, era feita para beneficiar atuais vereadores (o PMDB naquela ocasião tinha
um vereador na câmara) ou candidatos fortes na chapa, o PMDB tinha outro candidato
que obteve bastante votos. Com esta jogatilha eles conseguiram fazer 2 vereadores do
PMDB. Justo? Nem um pouco, como podem ver.
7A Data Limite para Filiação é um momento em que não é possível mais ser candidato por outro partido que não o
partido que você filiado. Ou seja, o partido que obteve os pré-candidatos filiados a ele até esta data, provavelmente,
terão de concorrer somente com eles, sem possibilidade de inclusões de outros possíveis nomes a serem candidatos.
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Agora a coisa mudou de cenário! Por isso eu disse que vocês podem tratar como
sinônimo as palavras “Chapa”, “Coligação” ou Partido no que tange os candidatos a
vereadores (A prefeito continua a possibilidade de coligação de partidos). Agora cada
partido tem que se virar com seus 32 candidatos! E com isso, estão começando a surgir
Chapas que eu denominei-as de “Kamikaze”, uma expressão que surgiu graças aos
pilotos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, em que utilizavam, se precisasse,
do próprio avião como arma ao alvo, rumo ao suicídio!
Tenho chamado desta forma por que com esta mudança, o sistema está obrigando
candidatos da “velha política” com expressão eleitoral em eleições passadas a disputarem
na mesma chapa! Parece loucura? Mas é isso mesmo. Entenda o porquê. Supondo que
você seja candidato de primeira viagem. Vai concorrer à sua primeira eleição. Você não
faz ideia se vai passar dos 1.000 votos. Você arriscaria, então, disputar na mesma chapa
que um atual vereador ou ex-vereador que você sabe que ele passará dos 2.000 votos?
Obviamente que não. Portanto, você vai procurar um partido que esteja aberto a uma
formação democrática, renovadora, somente com candidatos que nunca concorreram a
uma eleição. E isto é muito difícil de ocorrer, mas nesta eleição vai acontecer. Minha
sugestão? Votem apenas em candidatos que componham esta chapa, de novatos. E
esqueçam os candidatos de chapas “Kamikaze”. Pois, se fizer a escolha racional por este
caminho, você, caro eleitor, irá declarar óbito à velha política com facilidade.
Além disso, caso você seja oposição a atual gestão, do prefeito de sua cidade,
procure saber quais são as chapas que estão apoiando ele. E, claro, não vote nos
candidatos que estiverem sob sua sombra, coligados com o mesmo. E muitos candidatos
são malandros viu? As vezes estão em um partido ou chapa coligada ao atual prefeito,
mas não faz uso do material de campanha dado pelo prefeito, apenas faz uso das
benefícios financeiros por concorrer naquela chapa. Isto mesmo, estas chapas tendem a
receber recursos escusos vinculados a campanha do prefeito para subsidiar os
candidatos da base de apoio do mesmo. Portanto, para saber a coligação que foi
registrada, pesquise no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) ou veja nas laterais do santinho
do seu candidato (pois ele é obrigado a colocar a “Coligação Majoritária”, nome dado à
coligação de partidos que apoiam o candidato a prefeito, na lateral do material ou o
material estará irregular, criminoso, e poderá sofrer multas altíssimas). Inclusive, se o
candidato não colocar na lateral do material “A Coligação” partidária de apoio ao prefeito,
denuncie o mesmo no TRE de sua cidade. Portanto, muito cuidado.
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Portanto, eu sei que esta ferramenta é complexa e talvez muitos não conseguirão
compreendê-la. Mas aqui apresentei mais uma possibilidade para você eliminar “maçãs
podres” da política local em que você vive. É a ferramenta de Número 7 (FN7)

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